Em um cenário onde a descarbonização emerge como uma questão primordial, Carlos Tavares, CEO da Stellantis, enfatiza a importância de abordagens diversificadas na transição para a mobilidade sustentável. Diante do avanço dos veículos elétricos (VEs) como solução para reduzir emissões de carbono, Tavares aponta para a necessidade de inovação e adaptabilidade às distintas realidades globais.
A atual tecnologia de baterias representa um dos principais desafios para a adoção massiva de VEs, segundo Tavares. Ele defende uma evolução significativa na química das baterias, que permita diminuir tanto o peso quanto a demanda por matérias-primas críticas, como o lítio. “Precisamos de um salto qualitativo na densidade energética das baterias”, afirma Tavares, vislumbrando soluções que possam mitigar a dependência de recursos naturais escassos.
Além disso, a questão do acesso à eletricidade em países em desenvolvimento surge como um obstáculo relevante. Roberto Schaeffer, professor e especialista em economia de energia, destaca as limitações das redes elétricas em várias regiões do mundo, propondo os biocombustíveis como alternativa mais viável para esses locais.
A mobilidade elétrica enfrenta também questionamentos quanto ao seu potencial para atender às necessidades de transporte em massa, com Tavares expressando ceticismo sobre o hidrogênio devido aos altos custos associados. Por outro lado, propõe soluções alternativas como o compartilhamento de carros, evidenciado pela iniciativa Free2Move da Stellantis, e o fortalecimento do transporte público e opções não motorizadas.
Para uma transição efetiva para práticas de transporte mais limpas, a participação pública se mostra fundamental. Pesquisas indicam resistência especialmente entre grupos demográficos mais velhos e residentes em áreas rurais. Entretanto, há sinais de maior abertura entre as gerações mais jovens quanto à adoção de alternativas sustentáveis.
Um levantamento realizado pela YouGov em países como Brasil, França, Índia, Marrocos e EUA revela que 25% dos entrevistados não modificaram suas escolhas de transporte visando reduzir impactos ambientais, número que salta para 50% nos Estados Unidos.
Portanto, o futuro da mobilidade exige uma estratégia que incorpore múltiplas facetas. Enquanto os VEs terão seu papel no combate às mudanças climáticas, é crucial investir em avanços tecnológicos e no desenvolvimento de infraestrutura adequada. Além disso, alternativas como o compartilhamento de veículos e o aprimoramento do transporte público surgem como componentes indispensáveis para alcançar um panorama sustentável e inclusivo no setor automotivo.
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