Em meio à crescente popularidade dos veículos elétricos e híbridos no Brasil, evidenciando-se pela ascendente demanda e a diversificação da oferta com preços cada vez mais atraentes, observa-se um cenário distinto quando se trata do mercado de veículos usados. Diferente da efervescência que esses modelos despertam entre os novos, os automóveis eletrificados seminovos enfrentam uma marcante desvalorização, negociados a valores significativamente inferiores aos estipulados pela tabela Fipe.
Conforme levantamento realizado pelo portal UOL, essa discrepância é especialmente notável no segmento de carros usados, onde elétricos e híbridos apresentam uma desvalorização acentuada. De acordo com dados fornecidos pelo InstaCarro, plataforma de classificados online, esses veículos são 16% menos procurados que seus equivalentes a combustão no mercado de seminovos, com precificações que podem chegar a 30% abaixo do valor referencial da tabela Fipe.
Um exemplo claro dessa tendência pode ser observado na comparação entre o Toyota Prius 2018, cotado a apenas 69,5% do valor da tabela Fipe, e um Hyundai HB20 2022, que mantém 86% de seu valor. Essa substancial desvalorização decorre principalmente das incertezas quanto ao futuro desses automóveis. Questões relacionadas à durabilidade e ao desempenho ao longo do tempo geram reticência entre os consumidores, em especial quanto à revenda, manutenção e ao suporte pós-venda de veículos eletrificados.
A preocupação com custos elevados de manutenção, particularmente no que diz respeito à substituição de baterias – um componente crucial e oneroso – contribui para essa percepção negativa. Luca Cafici, CEO da InstaCarro, ilustra essa visão comparando um carro eletrificado usado a um smartphone de segunda mão: há uma insegurança palpável sobre a confiabilidade dos sistemas ao longo do tempo.
No panorama atual, conforme aponta um levantamento do site OLX, dos 960 veículos eletrificados disponibilizados na plataforma, muitos são ofertados por valores até R$ 13 mil abaixo do preço de tabela Fipe. Esse cenário lança uma sombra sobre o futuro desses automóveis no mercado de usados, deixando em aberto a questão se continuarão enfrentando esse quadro de desvalorização a longo prazo.
Neste contexto, enquanto o mercado brasileiro demonstra um apetite crescente por veículos mais sustentáveis e tecnologicamente avançados, os desafios relacionados à aceitação e valorização dos modelos elétricos e híbridos seminovos permanecem como obstáculos significativos. Apenas o tempo poderá revelar como essas questões serão resolvidas e qual será o verdadeiro impacto dessa transição energética no mercado automobilístico nacional.
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