Em uma movimentação estratégica, a Associação Nacional das Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) encaminhou ao governo, no término de junho, uma proposta audaciosa que visa modificar as regras vigentes para a importação de veículos elétricos e híbridos no Brasil. Segundo informações apuradas pelo portal AutoIndústria, a associação sugere o descarte do atual esquema progressivo de aumento do Imposto de Importação desses veículos, pleiteando um salto imediato para a alíquota máxima de 35%. Além disso, a Anfavea propõe a implementação de uma cota fixa de importação por fabricante, estipulada em um patamar médio anual de 4.800 unidades.
Este pedido insere-se em um contexto onde as vendas de veículos importados da China registraram um impressionante crescimento de 500% no presente ano. Tal fenômeno é visto pela Anfavea como uma potencial ameaça aos aportes significativos realizados pelas montadoras estabelecidas no território nacional, que recentemente anunciaram investimentos da ordem de R$ 130 bilhões. A associação argumenta que essa ascensão dos importados poderia reverberar negativamente na economia brasileira, afetando empregos e o desenvolvimento industrial local.
O documento encaminhado ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), assinado por Márcio de Lima Leite e Igor Calvet, respectivamente presidente e diretor executivo da Anfavea, enfatiza a necessidade de uma resposta rápida do governo frente ao avanço dos elétricos e híbridos importados. A entidade defende uma alteração nas regras que atualmente favorecem as empresas com maior volume de importação e emplacamento no Brasil, propondo em seu lugar uma cota linear que beneficie igualmente todas as fabricantes.
A pressão exercida pela Anfavea reflete também um cenário global de transição para a mobilidade sustentável, no qual marcas como BYD e GWM lideram em vendas de veículos eletrificados no Brasil. No primeiro semestre deste ano, tais marcas demonstraram sua força no mercado brasileiro com significativas quotas de mercado, desafiando as fabricantes locais.
Esta não é a primeira vez que o setor automotivo nacional enfrenta dilemas similares; o episódio remete ao “Super IPI” implementado em 2011 como medida protecionista contra a crescente presença chinesa. Aquela decisão teve impactos profundos nas estratégias das montadoras internacionais operando no Brasil.
Além disso, análises recentes indicam que enquanto marcas chinesas aceleram no lançamento de inovações tecnológicas no país, as montadoras estabelecidas aqui apresentam uma evolução mais lenta nesse sentido. Esse cenário coloca em destaque o desafio da indústria nacional em equilibrar proteção ao mercado interno e incentivo à inovação.
O pedido da Anfavea ao governo brasileiro sinaliza um momento crucial para o futuro do setor automotivo nacional, especialmente no segmento de veículos eletrificados. As decisões tomadas agora poderão definir os rumos da mobilidade sustentável no país e o papel do Brasil na indústria automotiva global.
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